A FACE DO MARINHEIRO
Destino que não tenho nas mãos
Pássaro d’asas feridas
Meu oceano perdido nas sendas do universo
Encontrado e perdido verso
Barco meu de velas enlouquecidas
Estrela da madrugada
Solitário voo da existência inteira
Asas molhadas das lágrimas do desconhecido propósito de Deus
Entre a ave e o espaço se interpõe
O cálculo sem probabilidades das coisas vãs
Daquilo que impede e a dor não mede
Ave nas nuvens olhando em círculos
Ave na escuridão da noite de inverno
Ave do paraíso
Ave sem juízo
De amor enlouquecida
Ave do desespero
Ó, ave, por que teu voo se prolonga
Por que teu sofrimento se alonga
E ela responde sem alento
Eu quero morrer nos braços do mar
Encontrar o corpo do marinheiro
E nele me transformar
Ser uma ave de dois
Em um só corpo diluída
Eu quero ver a face do marinheiro
Bandeira de minha vida