VERSOS DO PÓ DE MIM




 

Tantas de nós nos têm

e tantas ainda em nós a viver

neste rio que corre nos subterrâneos

nascem e morrem a todo o momento

aquelas que penso ser.

 





 

 

Rosas são mesmo frágeis...

Haverá formigueiros em demasia?

Há mesmo tanta pedra dura para pés descalços

tanto espinho pra ferir mãos descuidadas

e a poesia capta este vaivém

entre o que fere

e os seus desarvorados destinatários.


 

 



 

Um poema de embriagar...

com esta aguardente na boca

beijo de embrigar?

Ah, sim, querer é o mais importante

e eu vou querer sempre este beijo

e levantar quantas vezes for preciso

até deslizar como náufraga

pelas águas do Desconhecido.

Tempos tão velhos, ah, tão velhos...

quando viver era tão flamas...

quem foi que disse isso? Drummond?
 
mas que importa?

Viver ainda é o maior barato

É  sim...

 




 

O corpo, nossa verdade mais explícita

Com ele nascemos em novidades

de todos os sentidos

com ele pairamos em delírios de beleza

com ele morremos tantas vezes

mas é ele o nosso mais fiel companheiro

até que a morte nos separe.
 


 

 

 

 

 

Bicho humano na jaula, mortificado

arreganha os dentes

e mete o focinho entre as grades
 
das suas impossibilidades

Salve-se quem puder!

 



 

Os peixes co'a morte nos olhos baços

movimentam ares e o mar é salgado e frio

e a minha alma se retrai diante dessas mortes

assim sob o céu azul e o sol de verão

e nunca saberei a resposta

a esta pergunta sobre mortes necessárias...

 




 

E somente queríamos um olhar mais atento

neste mar de poetas sedentos.

Sopram incompreensíveis ventos...






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tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 16/04/2011
Reeditado em 15/04/2012
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