VERSOS DO PÓ DE MIM
Tantas de nós nos têm
e tantas ainda em nós a viver
neste rio que corre nos subterrâneos
nascem e morrem a todo o momento
aquelas que penso ser.
Rosas são mesmo frágeis...
Haverá formigueiros em demasia?
Há mesmo tanta pedra dura para pés descalços
tanto espinho pra ferir mãos descuidadas
e a poesia capta este vaivém
entre o que fere
e os seus desarvorados destinatários.
Um poema de embriagar...
com esta aguardente na boca
beijo de embrigar?
Ah, sim, querer é o mais importante
e eu vou querer sempre este beijo
e levantar quantas vezes for preciso
até deslizar como náufraga
pelas águas do Desconhecido.
Tempos tão velhos, ah, tão velhos...
quando viver era tão flamas...
quem foi que disse isso? Drummond?
mas que importa?
Viver ainda é o maior barato
É sim...
O corpo, nossa verdade mais explícita
Com ele nascemos em novidades
de todos os sentidos
com ele pairamos em delírios de beleza
com ele morremos tantas vezes
mas é ele o nosso mais fiel companheiro
até que a morte nos separe.
Bicho humano na jaula, mortificado
arreganha os dentes
e mete o focinho entre as grades
das suas impossibilidades
Salve-se quem puder!
Os peixes co'a morte nos olhos baços
movimentam ares e o mar é salgado e frio
e a minha alma se retrai diante dessas mortes
assim sob o céu azul e o sol de verão
e nunca saberei a resposta
a esta pergunta sobre mortes necessárias...
E somente queríamos um olhar mais atento
neste mar de poetas sedentos.
Sopram incompreensíveis ventos...
SUBLIME INTERREGNO
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Uma nova maneira de fazer literatura no Recanto
CADERNO LITERÁRIO I
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