POESIA ETERNA
Poesias nunca se desgastam em outrem
Quanto mais palavras se usam
Outras milhões em trens se dispõem
E voam se esvoaçam
Nunca em tempo algum
Cansam-se pelo oposto casam-se
Como novelos alinhavados
Um metido no outro
Se intercalam como ovos estalados
São paisagens cotidianas sem escolhos
As vírgulas vão-se como pestanas
Saindo pelas persianas dos olhos
O amor poético é a flor colhida da lama
E mesmo palidamente branca
Na terra morre e do orvalho se inflama
Poesia é como um dia furtivo
As flores que hoje cultivo entre cunhãs
São as pétalas que me trazem manhãs
Quero sorriso e gorjeio
Arvoredos cantantes em primaveras
E pássaros que de manhã os leio