LAVRADOR NA FAVELA-(CORDEL)
Lavrador na Favela.
Guel Brasil.
Eu fiz de tudo pra ficar na roca
Na velha palhoça onde me criei,
Lá eu tinha comida na mesa,
Feijão com fartura que eu mesmo plantei;
No chiqueiro um criame de porcos,
Três vacas leiteiras e um burro de cela,
O que eu fiz foi por uma donzela,
E por causa dela tudo deixei.
Arrumei o pouco que tinha
Em uma malinha e vim pra cidade
Sem destino, sem eira nem beira,
Sem nenhum parente e sem felicidade.
Fiz um rancho com quatro paredes
Coberto com lata pra não passar frio,
Bem na beira de troço nojento
Muito fedorento com nome de rio.
Sem serviço, eu vivo de bico,
E quando me arisco o salário é pequeno;
Vou à venda pra comprar comida
O dinheiro é pouco eu fico devendo;
No meu rancho eu penso no almoço
Por que se eu janto não posso almoçar;
Vou dormir de barriga vazia
Meu Deus que agonia eu preciso voltar.
Na invasão onde eu fiz meu ranchinho
Eu não vivo sozinho é barraco demais,
Gente pobre vindo de todo canto
Atrás de comida e um pouco de paz;
Pendurados em volta do morro,
Eu fico lá em baixo com medo de olhar
Vou juntar minha traia de novo,
Voltar por meu povo pras coisas mudar.
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