POEMA A FERRO E FOGO
Escrevo estes versos e encravo as unhas no ferro
Como se enfim fossem vazados à flor da pele
Quando vejo assim rolar o líquido da insensatez
Acende-se o fogo fátuo dos desejos sopitados
Meus dedos esfolados tentam em desespero a cada vez
Cobrir na barra rebordada o nome em fogo crepitando
Quanto mais tento, em mim se acende do olho do sol afogueado
Os braços, espadas a lancetar agora o peito
Dançam enlouquecidos e ao teu suplício se conjugam
Colam-se uma n’outra as pernas; os pés
Formam buquê de incandescentes rosas
E gira o mundo ao revés
Faltam-me as forças, o ânimo enterro
Pois nem fogo sou
Nem ferro