LILASES
Rente o pescoço ao fio da lâmina de uma guilhotina
Fecham-se os olhos no corte da última cena
Invade o paraíso a alma em êxtase
Rola a cabeça pelo chão ensanguentado
Pulsa o coração ainda enamorado
E o semblante se invade de calma repentina
As extremidades lilases em lírios se transformam
Corta a espada a voz da canção antiga
Cantam os anjos a criatura entre o transe e o misticismo
Línguas ígneas emanam de astros em delírio
Navega em espirais a pluma dos sentidos
Na entrega inaudita aos páramos imortais
Supremo instante da diluição do prazer mortal da carne
No líquido ainda borbulhante de martírio