SORVEDOURO

Há dias e dias assim: secura insofismável,

De sede insopitável, anseios, desejos, sonhos...

Com um calor que emana da terra árida,

Como magma seco espalhado, sempre vivo,

Como espessa relva seca, sedenta de fertilidade,

Como se Deméter' a tivesse abandonado,

Do Olimpo' se retirado indignada,

De tristeza tomada, privada de colher e alimentar

Os filhos da terra, tal como sua filha Perséfone',

Até que Zeus' implorasse em desejo ardente, pela seara.

Arma-se a tempestade, enegrecido o firmamento,

Projetando seus raios e trovões, remexe as entranhas,

Em inopinado movimento, abrem-se rachaduras,

Sôfregas por sorver fluidos de nimbus carregados,

E transformá-los em líquidos da ressurreição.

Em comunhão, céu e terra, coração e mente,

Esperam ávidos de renovação, os dias férteis,

Que façam nascer, vomitar, como Cronos',

Os filhos de Réia' devorados, para então deuses,

De suas próprias vontades, amparados por Gaia'

Dividam o universo e retomem seus dias,

Com a esperança que restou na caixa',

Depois de espalhados todos os males,

Que ressequiram a terra, deixaram em fogo,

O espírito dos homens, sequiosos,

Sempre inquietos, com eternas indagações.

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Nota: este texto poético é praticamente uma resenha que fiz, de um livro que está ainda na "forma" e que oportunamente terei o prazer de apresentar-lhes o autor.

***Referências na Mitologia: Zeus é o rei dos deuses, soberano do Monte Olimpo e deus do céu e do trovão. Zeus Cronida, tempestuoso, era filho de Cronos e Reia, o mais novo dos seis irmãos. Os outros cinco irmãos foram devorados pelo pai Cronos e quando Zeus, que fora salvo (de ser devorado) pela mãe Reia, com a ajuda de Gaia (a terra). Se tornou adulto, ofereceu ao pai uma bebida e fez com que Cronos vomitasse todos os seus irmãos (Hera, Hades, Poseidon, Héstia e Demeter). Deméter, a deusa da fertilidade, dos cereais, mãe nutridora, irmã de Zeus e também sua quarta esposa, com quem teve uma filha, Perséfone. Esta raptada por Hades, deixou Deméter indignada, ela então abandonou o Olimpo por nove dias. Nada mais poderia nascer ali, até que Zeus implorou pela sua volta, para devolver a fertilidade para o Olimpo, com o que ela concorda somente sob a condição de ter Perséfone de volta. Após uma guerra de cem anos e orientados por Gaia, o universo é dividido entre os deuses: Então partilhou-se o universo, Zeus ficou com o céu e a Terra, Poseidon ficou com os oceanos e Hades ficou com o mundo dos mortos. *A caixa de Pandora, é um mito grego no qual a existência da mulher e dos vários males do mundo são explicados. Na mitologia grega Pandora foi a primeira mulher dada como uma oferenda à humanidade por Zeus como uma punição pelo roubo do fogo feito por Prometheus. Foi confiada a ela uma caixa contendo todas as adversidades que poderiam afligir as pessoas. Ela abriu a caixa por curiosidade e, consequentemente, libertou todos os males da vida humana. Logo percebendo o erro que cometera, Pandora se apressou em fechar a caixa. Com isso, ela conseguiu preservar o único dom positivo que fora depositado naquele recipiente: a esperança.

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 14/04/2011
Reeditado em 15/04/2011
Código do texto: T2908446
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