CANÇÃO DE INVERNO
CANÇÃO DE INVERNO
Aqui o frio jaz em um eterno
Inverno que se esqueceu de si mesmo...
E não pensa, nem tem forças para acabar...
Aqui onde o vento mordaz sopra um canto
De agonia... agora uma canção melancólica ...
Quase fúnebre, me faz refletir...
Me faz pensar, em ti, em nós e em todos
Os momentos que não vivemos...
Em todos os sonhos que não sonhamos
E todos os sorrisos que não trocamos...
Reflexão vazia e solitária...
Lembranças suas faz-me sentir a exaustão
O sopro divino que em mim circula
Num circuito de dor e amargura...
E conhece-me o divino órgão...
Que debalde se agita ao lembrar teus olhos,
A candura de seus lábios a desabrochar
Num sorriso como a flor virgem desabrocha
Para um dia entornado de sol, banhado de luz...
Tão frio está aqui que os devaneios se enregelam
No hálito triste e sepulcral da noite...
Sua ausência me condena a uma existência fria e vazia
Os animais se refugiam em seus abrigos...
Refugiado em mim, busco você...
Os pensamentos na loucura te perseguem...
Procuram-te... se agitam,
Enlaçam-se e te buscam num emaranhado
De angústias e dores vãs...
Debalde procura de desencontros
Até quando num adeus redimiu-me da vida...
E implantou-me a morte
Frio, silêncio, melancolia é tudo que de minha
Janela observo... sombria e gélida a noite de inverno desvanece
Ouço murmurar seu nome o vento, e o tormento me acrescem,
Não há choro, não há lágrima, não há prece, não há nada
Somente o vento no seu turbilhão com volúpia voraz
Lambe e entristece o coração.
E essa noite última vela-me enquanto desfalece.