SURPRISE
ROSA INGRATA
Minha poesia apodrece nas mãos do tempo
É um espinho velho e duro
Da rosa mais ingrata
A minha poesia morreu
E eu preciso enterrá-la
TUDO EM MIM SECOU
Por um só motivo vomitei poesia até pelos olhos
Tudo em mim secou
A primavera me odeia
E em mim a poesia não tece mais sua teia
MÚSICA
Ainda menina ouvi sua respiração
Nas canções insistentes
Nos alto-falantes da noite escura
Numa longínqua cidade
Junto à estação do trem
ADEUS, MEU AMOR
Adeus, até que o mistério seja revelado
Adeus, meu amor, quando te perdi?
Adeus, aprenderei a duras penas
A cuidar de minh’alma doente
Sem ti
Doravante só o lamento
Das coisas todas em pranto
Da noite perdida
Da existência sem encanto
Doravante só a saudade a campear
A moer a essência castigada
Doravante amar
No vulto desfocado esvaindo-se
Na estrada plácida e impotente
Doravante o amargor inclemente
Doravante