A bailarina (III)

Sim! Eu quero fugir,

eu estou tentando fugir de você.

De encontro aos teus braços,

correndo vencida pelo sentimento,

indo pra todo lugar onde você está,

estou fugindo da minha sombra,

da minha roupa e dos meus amigos...

Fugindo... pra quê?

Só pra não olhar para os prédios

e também pra não chamar seu nome.

Tento enganar-me a ponto de querer morrer,

pra viver trancada em meu fino casco,

casco de cristal,

quebrada, ainda me entregarei.

E não me resta opção senão fugir,

porque amar-te seria minha dor mais doce,

a minha dor é agora a mais fingida...

como se bailarina não fosse,

ajoelhei-me no centro do palco azul

e a minha devoção adormeceu em ti.

Sinto pouca saudade porque estou mentindo,

não veja meus olhos e não fale comigo;

bem lá no fundo, nem eu quero fugir.

Maldita carne humana e mente teimosa,

embora eu fuja dos seus dedos,

minhas mãos sonham seu toque.

E, então, o que fazer?

... pular da janela, meus olhos,

caindo sobre suas palavras

pra sentir, ao menos, que não consigo fugir.