MUDANDO DE MÃO

É lindo o porvir

Ele me faz sorrir

Porque só os vivos

O podem fazer sem ter que pedir...

Adoro ter o possuir

Pois só quem a vida tem

Podem nos seios túrgidos do dia amanhecer...

A trompa de falópio é o entardecer

Com seus pedúnculos faz amadurecer

A fruta notívaga do enegrecer

Amo o útero do anoitecer

Avermelhando o céu trazendo-lhe seu corcel

Entardeceres de pipocas nas praças

De pombos esvoaçantes

Como pensamentos distantes

Instam e fazem-se merecer

O envolver do poente

Como um laço que desmaia

Abrindo-se nos braços

Açucarados da negritude, assim seja

E tudo troca de mãos...de bandejas

se afrouxam os nós e entram

As gravatas borboletas

Do advogado, médico, arquiteto...

Pro garçom que enche os copos

E das moças alegres que alugam seus corpos

Tudo é uma busca, um labirinto complexo

Um nascimento, um adormecimento frenético

A vida é linda, é poética cheia de charadas e sexo

A vinda mais linda ainda na chegada

Só a morte além de complexa madrugada

Nunca foi bem vinda é antiética

Uma lua abortada sem dialética

O porvir nunca findado em sua estética

É noite ainda estrelada

Em cada estrela, no fundo negro

Da taça emborcada do dia

Um poeta cintila