ABSORT

Apressam meus passos as horas ínfimas.

Tornam-se mais,

Fazem com que me cale e

Me dizem palavras absurdas.

O passo torna reto

O compasso de minha existência.

A mentira que conto me faz menor,

A verdade que falo, menor ainda,

Digo-te sim, me falas não,

Digo-te ao contrário, manténs o não.

Que raios sou nesse íntimo universo?

Que coisa me cala?

Que coisa me valha

A não ser um sorriso de alguém que não me quer sorrir?

Quer-me longe, distante.

Quer-me tornando uma pessoa diferente

Entrega-me ao inimigo,

Atira-me à cova do leão.

“Não faças isso,

Olha-me os olhos:

Trêmulos, absortos.”

O que de mim redime agora?

O que de mim redime agora?

O que na infinita beleza do teu ser

Sou eu?

O que é esse amor?

Ah, o amor eu sei o que é.

Sei qual é.

Sei por que é.

Mas e eu?

Pessoa, amante, amigo, caso?

Quem sou eu?

O que sou eu?