AMOR E CILADAS

Não me deixo perder

Tampouco ganhar

Não me deixo seduzir

Nem um pouco me enganar

Às vezes um canarinho

Entra pelo ouvido

E pela boca sai um condor

Voa, voa, voa...

Pelo céu da boca

Vai buscar o infinito

Abrindo-te em verbo

Um consolo

Um solo

E um violoncelo no colo!

O amor é uma ave

Aninha-se no peito bailando no ar

A gaivota pra sobreviver

Vira peixe e nada no mar e mesmo revôlta

E em reviravolta sai com

A cadeia alimentar no bico de seu beijar...

Versa a conversa no olhar

E a boca a tudo busca

O que nos olhos já esteve antes

Distante talvez.... Altivez de desenvoltura

Mas existem amores que duram

E amores que se deduram

Mais o verdadeiro amor sutura

Diante do que falseia

Assemelha-se a flor sintética

Diante da flor natural

Uma é feita de plástico

E dura muito mais

Em compensação a outra tem vida puerperal

Sempre volta a ser o que se envolveu noutro ser

Sem perder o que é seu, terra e céu

Que se fez nascer num outro amanhecer

Como um pensamento do criador alvoreceu

O importante não é permanecer duro

Mas não morrer nascendo dentro

De outro ser imaturo

O amor é vivido dos

Dois lados somados em um

Ou se amam dobrado

Ou não sobra nenhum...