LÁGRIMA

Em silêncio úmida e fria

Nada falava, apenas regava a face da terra

Quando alguém perguntou

Quem é você?

Quem sou eu?

Nem eu mesmo sei quem sou

Mas dizem que sou

Dizem que sou o soluço dos poetas

Que sou o perdão em versos

Que moro no olhar triste da dor

Que sou alma da saudade recolhida

Que também sou o riso da alegria

Meu nome?

Não sei

Dizem que me chamo lágrima

Que sou relíquia de mãe

No coração de filho

Que sou lembranças de filho

No coração de mãe

Não sou efêmera

Rolo em qualquer rosto

Pobre ou rico

Feio ou bonito

Triste ou alegre

O mais importante

É que consigo penetrar

No coração de qualquer um

Seja mãe, pai, filho, irmão

Seja amigo, e até pecador

Já rolei até no rosto do Senhor

Me orgulhos das faces que reguei

Do silêncio que fui quando calei

Pois não sou só dor

Sou paz e alegria também.