(((((::::VIÉS DA NOITE::::)))))

As vezes me surge, entre a cortina,

aquela infiel sombra vespertina

com a língua em meus cabelos enquanto durmo no sossego

da noite transformada em viés de pássaro num lume cortante

como a navalha de vidro - sobre a carne - que nos sinaliza a vida.

Guardo a fera que segrega a insónia e solta os ventos

espalho a saliva das visões pela demorada noite

onde perambula a fonte lunar do corpo

e me chega à boca a sombra do rosto esquecido

Não leio, um quarto de hora, as folhas de um romance

Em que esta vossa dama conjuga o eterno verbo amar.

Os olhos filtrados pelo espelho; e raro que ao deitar ...

Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,

Outras vezes valsando, e o meu seio palpita,

fitando o olhar no espaço entre inúmeras fitas...

...Quantas cruzando ao seio o delicado braço

Comprime as pulsações do inquieto coração!

Procuro a mulher e encontro a menina,

Quero ver a menina e encontro a paixão! ...

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 12/04/2011
Código do texto: T2905371
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