O FANTASMA
Eu assanhei, eu assombrei o meu fantasma,
eu o lancei disperso ao ar pesado, denso
das agonias infernais das crises de asma,
bruto torpor, torpe sofrer tão crasso, intenso...
Emanações de fel, mefítico miasma
vão atraindo, para mim, um rato imenso
que vem beber, do sangue meu, todo seu plasma.
Eu já não sei concatenar, eu já não penso.
E meu fantasma a revoar pelo recinto
vinga de mim e me aprisiona em labirinto
escuro, frio, sem saída, sem um fim.
Mas, ó fantasma, tu pertences ao meu ser,
nós precisamos, na harmonia, conviver,
pois me liberta e nunca mais te solto assim.