O FANTASMA

Eu assanhei, eu assombrei o meu fantasma,

eu o lancei disperso ao ar pesado, denso

das agonias infernais das crises de asma,

bruto torpor, torpe sofrer tão crasso, intenso...

Emanações de fel, mefítico miasma

vão atraindo, para mim, um rato imenso

que vem beber, do sangue meu, todo seu plasma.

Eu já não sei concatenar, eu já não penso.

E meu fantasma a revoar pelo recinto

vinga de mim e me aprisiona em labirinto

escuro, frio, sem saída, sem um fim.

Mas, ó fantasma, tu pertences ao meu ser,

nós precisamos, na harmonia, conviver,

pois me liberta e nunca mais te solto assim.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 12/04/2011
Reeditado em 22/06/2011
Código do texto: T2905188
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