(((:::EMBRIAGUEZ PERFEITA:::)))

Um ruído de asas não pode minh'alma abrigar,

é tão estranho um horizonte desfocado em fogo me atiçar

Subitamente - distorcido -a visão de artista! -

À luz do Sol é sombra ao intenso colorista,

o tudo é o nada - que assim se mova e exista

E eu decompunha...Achava os tons e as formas.

ossos nus - os rosários de olhos que paz implora

Há colos, ombros, bocas, um semblante

nos minutos cansados de poucos instantes

Duma janela azul; borrifo estrelas; e a poeira

Seus raios de laranja destilada entre nuvens traiçoeiras

O peito erguido, bebendo os pulsos duma desgraça alegre que incita,

a vida rastejando - o sangue e o vinho - distribuindo risos de chita

Tão belas são as maçãs que avolumam o rosto,

Me afasto - ignoro - o tempo corre oposto,

a luz que sobra do dia é tão tarde noite

mais do que cegueira, este açoite - é uma embriaguez perfeita.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 11/04/2011
Reeditado em 11/04/2011
Código do texto: T2903369
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