MENTE DESCARADAMENTE MENTE
É sabia a ventura em querer ser ataúde
É louca a aventura dos mentirosos
Morrer aos poucos sem ter saúde
E murmurar baixinho que não tem remorsos
Triste flor que no alto do cume viceja
Não trás além de si aquilo que pragueja
Atrai a mão que a quer surpresa
Quando no fundo por trás de si
Pula a serpente que atraiu a presa
A mentira é como um navio
Deslizando por um mar sombrio
Sem corrente aparente
No entanto dentro dele só há serpentes
A mentira faz acreditar que o que mente
Acredita que o outro se faz rudimentar
Age tão cegamente
Que mente tão convincentemente
A verdade que deveras mente
A mentira é uma verdade
de trás pra frente