A Materialidade dos Nossos Sentimentos
Os sentimentos têm a sua materialidade.
Surgem repentinamente
Absorvem-nos
Repelem-nos
Acalentam-nos
Assustam-nos
Destroem-nos
Elevam-nos
E vão se transformando, criando formas e sentidos variados
Num espaço vazio
Sentimentos assumem a sua própria materialidade
E o ocupam desordenadamente
Sua transformação
Insere-nos num mundo alheio
E nele estranhamos os reflexos
Dos nossos próprios sentimentos
Procuramos ordená-los
Quando favoráveis nos fortalecem
Quando contrários nos desencantam
Mas... Os subestimamos
Mesmo assim, de qualquer forma,
Continuam pertencendo a nós
Fugir deles é levá-los para outro tempo
E num novo tempo ele pode não
Assumir mais as nossas materialidades
Ficaremos então a mercê de um espaço
Vazio, eternamente inacabado
Dos Sonhos que nunca realizaremos
Dos Pesadelos que não nos podem mais alcançar
E criamos um novo mundo...
Só nosso
...Onde a fuga da realidade
É a nossa maior realização
E vivemos neste espaço vazio
Entre a realidade que nos cerca
E a realidade em que acreditamos estar.