A POESIA QUE FICOU

O ar ameno, suave, o céu coberto de anil.

Aqui um canto de ave em tudo a beleza do abril.

As folhas amareladas, o arrulho da rolinha, as paisagens encantadas que apreciamos à tardinha.

O sol se põe no poente engalanado de ouro, voando em voo contente zunem abelha e besouro.

As asas ruflam ligeiras pousando de flor em flor, beija a hortência e a roseira o colibri multicor.

O entardecer nos encanta com seus suaves perfumes. A lua surge, levanta, as rãs soltam seus queixumes.

Tudo muda na paisagem, há sombra. É escuridão na prateada folhagem que dourada era então.

A mata densa é negrume, a nuvem corre veloz. Faz-nos lembrar o queixume do negreiro "Albatroz".

A praia deserta e calma branqueia ao luar, convidando nossa alma no silêncio a meditar.

A onda calma, tranquila vem na praia terminar. Nossa grandeza aniquila, diminui diante do mar.

Tudo muda na paisagem. Tudo muda nesta vida, fica somente a imagem de nossa ilusão perdida.

De Varela as "Névoas" vejo, esvaindo qual neblina. De Assis o belo arpejo à esposa Carolina.

Quanta beleza cantava Castro Alves e Alencar. Casemiro versejava com a alma a palpitar.

De todos ficou a poesia, de todos bela lembrança, conforto que acaricia, afaga nossa esperança.

Marísia Vieira
Enviado por Marísia Vieira em 11/04/2011
Código do texto: T2901818