A POESIA QUE FICOU
O ar ameno, suave, o céu coberto de anil.
Aqui um canto de ave em tudo a beleza do abril.
As folhas amareladas, o arrulho da rolinha, as paisagens encantadas que apreciamos à tardinha.
O sol se põe no poente engalanado de ouro, voando em voo contente zunem abelha e besouro.
As asas ruflam ligeiras pousando de flor em flor, beija a hortência e a roseira o colibri multicor.
O entardecer nos encanta com seus suaves perfumes. A lua surge, levanta, as rãs soltam seus queixumes.
Tudo muda na paisagem, há sombra. É escuridão na prateada folhagem que dourada era então.
A mata densa é negrume, a nuvem corre veloz. Faz-nos lembrar o queixume do negreiro "Albatroz".
A praia deserta e calma branqueia ao luar, convidando nossa alma no silêncio a meditar.
A onda calma, tranquila vem na praia terminar. Nossa grandeza aniquila, diminui diante do mar.
Tudo muda na paisagem. Tudo muda nesta vida, fica somente a imagem de nossa ilusão perdida.
De Varela as "Névoas" vejo, esvaindo qual neblina. De Assis o belo arpejo à esposa Carolina.
Quanta beleza cantava Castro Alves e Alencar. Casemiro versejava com a alma a palpitar.
De todos ficou a poesia, de todos bela lembrança, conforto que acaricia, afaga nossa esperança.