A arte da viajosidade, viajando na madrugada.


O gritador da madrugada


Na madrugada, o Sol
da meia noite brilha
Coberto por cima
com fina e densa malha


No escuro, já não canta.
O encanto encontra
barreira poderosa
que atrapalha o mantra.
Aos canticos curiosamente espanta.


E tem de superá-lo por via do destino,
Pois cantar até no escuro é sua maldita sina.


Sim, des, e engraçado o maldito
Que precisa expor suas pútridas feridas ao riso
Punição por motivo indefinido
Suspeito por sua existência


Sua existência é um mal
Destroça realidades.
Para ele dei e socie dades
Com asco lhe reservam migalhas


Cospem insultos com vozes de gralha.
Seu único pão inteiro atende por melancolia
Pois deste ninguém quer ver a cara
Ao desgraçado esta agracia.


Por necessidade, empilha sobre si sua carcaça
Enchendo-se de fúnebres e nefastas melodias
Precisa cantar da madrugada fatídica
Até o findar de seus amaldiçoados dias.