TEMPO
Minha cabeleira branca
Uma areia da praia dança e
Baila na minha cabeça de pegadas negras...
A mão que tece e alinhava o dia
Faz das minhas tranças rareadas de escuras sombras
O amanhecer dos velhos samurais
Um fio dental se enovela no meu cabelo
A limpar os dentes da dona morte
Que me devora e nunca se sacia...
Sou a gota que perfila
Sou a garganta profunda do abismo
Sou o que se deixa esbofetear-se
Como um cão covarde que não sabe morder.
Sou a insuflada vontade
Tombada pela ilhota naufragada
Uma fria madrugada
Suprimido pela onda acovardada.
Sou forte contra os fortes
Tubarões entre os mares
Se me desprezares
Continuarei como tubarão pelos mares
Que não me faltam
Amo e odeio... Este é meu lema
Se demais amei
Se muito odiei
É porque na verdade
Nem sei quem sou
Nem sou quem sei