TEMPO

Minha cabeleira branca

Uma areia da praia dança e

Baila na minha cabeça de pegadas negras...

A mão que tece e alinhava o dia

Faz das minhas tranças rareadas de escuras sombras

O amanhecer dos velhos samurais

Um fio dental se enovela no meu cabelo

A limpar os dentes da dona morte

Que me devora e nunca se sacia...

Sou a gota que perfila

Sou a garganta profunda do abismo

Sou o que se deixa esbofetear-se

Como um cão covarde que não sabe morder.

Sou a insuflada vontade

Tombada pela ilhota naufragada

Uma fria madrugada

Suprimido pela onda acovardada.

Sou forte contra os fortes

Tubarões entre os mares

Se me desprezares

Continuarei como tubarão pelos mares

Que não me faltam

Amo e odeio... Este é meu lema

Se demais amei

Se muito odiei

É porque na verdade

Nem sei quem sou

Nem sou quem sei

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 10/04/2011
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