Terra Devastada

A terra exausta e infecunda

Caminha para a morte inteira e rápida

Pois os filhos pecadores põem termo cólera

Estripando prados e montanhas a ferro e fogo

Em insana demanda tresloucada

O berço onde túmidas águas rolavam

E se agitavam exuberantes matas verdes

Hoje são gritos que reboam entre a fuligem,

Dos carcarás pescando lebres sapecadas

Para ir fazer o seu banquete tão sinistro

Lá no cimo da galhada estorricada

Arvores levantam os braços retorcidos

Através do fumo denso das queimadas

Gritos, silvos, guinchos, algazarra: clamor

uníssono,

Arrastam-se com o ventre sobre a borralha

Procurando ardentemente alguma brecha

Que os livre o quando antes da fornalha,

E corre, corre, a bicharada vai circulando

Até se verem pelo fogo circulados

Velho Riacho se arrasta manquejante

Pois há tempos já perdera a bengala

Rasparam-lhe os cílios e a barba

Sulcaram ímpiamente o seu costado,

E a última pindaíba que sobrou,

De tão corcunda, descascada e apodrecida...

Não serve para representar sua mortalha

Então à Terra exaurida e devastada

Nada mais resta que lamentar o seu fracasso.