PENSAMENTOS DE PINEL

P E N S A M E N T O S D E P I N E L

Tripudio sobre a lógica

Uso menos ainda a razão

Embaralho os caracteres

Complico a mil

Meu discernimento é de debilóide

Sou entranhado de pensamentos de Pinel

Meus pontos de vista são de doente mental

Não explico, engano como Freud

Faço risco na água

Brigo com minha sombra

Divido zero por dois

Pulo na lua achando que é queijo

Lavo sabão até acabar a espuma

Sou considerado louco

Tachado de mais que doido

Conclamado oficialmente insano

Nem por isso deixo barato

Esboço silêncio, gritando...

Na aflição fico calmo

Na presença da morte dou gargalhada

Se me sorriem, eu choro

Bato de frente com a muralha

Chupo cana e assobio

Fico nu sobre o altar da igreja

Minha língua oficial é o marciano

Queimo cédulas de dinheiro

Particularmente, eu sou um grão de areia

Ou um bloco de granito de mil toneladas

Entre milhões estou solitário no nada

Estou abaixo de ninguém

Meu endereço é fixo; riscos no papel

Porque não num leito?

Talvez num mausoléu?

Aqui jaz uma abóbora machista

(maio/1988)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 10/04/2011
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