AMOR DE VERDADE

É-me precioso o tempo que não volta

Não o trarei pro agora

Por diamante nenhum pago à vista

De todos os cantos do mundo!

Espera! Sempre me dizes...

Mas às vezes diante deste tempo mendicante

Tenho a impressão que ele vai faltar..

Uma inquietação um eclodir uma falta de direção

Uma fuga, uma rebelião está prestes a implodir

Uma trincheira uma guerra interior, um pavor...

Sou a favor de tantas coisas, sou passagem

Sou ulterior, como ouro, sou teor, paisagem

Cães que latem em cadinhos

Sal enxofre derrama-te em estupor

Por ti a linda flor que brota de meu espinho

Nasce pequenina, diante do que rimo

Sou teu ninho teu afago teu menino

Um pedacinho do céu..

No teu olhar, no teu caminho...

Te amo coladinho porque milhões de soltos

Estão a vagar por aí desencontrados de sí...

Perdidos dentre deles e fora da flor

Já encontrei meu amor

Sou um refugiado de teu calor suado

Dormes ao meu lado de colo colado

E que a eternidade, breve instante

Seja uma ponte em que atravessamos miragens

Sempre de volta pra nós mesmos ensimesmados

Um no outro como

Outono e folhagens..