Embaraçados pelo tempo

“... a poesia me salvará (...) não falo aos quatro ventos, porque temo os doutores, a excomunhão e o escândalo dos fracos..." (Adélia Prado)

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Quando teus sonhos cacheados

Tornarem-se embaraços no tempo,

O reflexo do penteado da futilidade

Tornar-se-á tua parte aos inconformados.

Quando teus risos enrrugados

De antigas fogueiras de desprezo

Teimarem na impertinência das horas,

Viverás da morbidez de velhas arrogâncias.

Quando o tempo sem máscara

Iniciar sua batalha entre corpo e alma,

Sem os fantoches de maquiagens subjugadas,

Sucumbirá o gladiador carente de coitos.

Faces que não mais brilharão no oiro

Entre a languidez dos fios cobiçados,

E rugas queimando resquícios soberbos

das crias da tez do agora cinzento loiro.

E nesta infinda luta de imberbes afoitos:

A poesia me salvará desses incêndiários do tempo!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 13/11/2006
Reeditado em 20/11/2006
Código do texto: T289970