Embaraçados pelo tempo
“... a poesia me salvará (...) não falo aos quatro ventos, porque temo os doutores, a excomunhão e o escândalo dos fracos..." (Adélia Prado)
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Quando teus sonhos cacheados
Tornarem-se embaraços no tempo,
O reflexo do penteado da futilidade
Tornar-se-á tua parte aos inconformados.
Quando teus risos enrrugados
De antigas fogueiras de desprezo
Teimarem na impertinência das horas,
Viverás da morbidez de velhas arrogâncias.
Quando o tempo sem máscara
Iniciar sua batalha entre corpo e alma,
Sem os fantoches de maquiagens subjugadas,
Sucumbirá o gladiador carente de coitos.
Faces que não mais brilharão no oiro
Entre a languidez dos fios cobiçados,
E rugas queimando resquícios soberbos
das crias da tez do agora cinzento loiro.
E nesta infinda luta de imberbes afoitos:
A poesia me salvará desses incêndiários do tempo!