RUÍNAS DO SERTÃO
Um dia o sertão,
Foi só beleza,
Tinha cheiro de pureza,
E cantar de sabiá.
As águas eram calmas e cristalinas,
Muito verde nas campinas,
E muitos frutos no pomar.
E nas estradas,
Recheadas de poeira
Os pés descalços do
Camponês, caiu o chão a rastrear.
No meu sertão tinha rios,
E grandes serras,
E os caboclos tinham terras
Pra plantar o que comer,
Mas de repente,
Numa fria madrugada,
O sertão foi acordado,
Pelo barulho da invasão
Criaturas mal amadas
Portando terno e gravata,
Em carros de ultima safra
Tomaram o sertão de assalto
E decretaram o fim da vegetação.
O que era belo, virou ruínas
O que era verde, virou cinzas
Ardendo nas chamas da ambição.
Implantaram um clima de guerra
Expulsaram o caboclo da terra
Poluiu os lagos, matou a selva
Transformou em planícies
Os belos picos de serra
Alguns enriqueceram
Outros abraçaram a miséria.