Uma Gota Arde no deserto…

Populações arrastam-se de poço em poço

Levadas pelo desespero

Da Liberdade

Da sede

Mas nesses poços não se saciam

Pois neles só há

Ouro Negro…

Que não é uma bênção

Antes uma maldição

Porque as grandes nações bebem desses poços

Para alimentar os seus motores

Da civilização

A falsa crença

Que depois de toda a gente se evaporar

Só elas restarão…

E assim voltam

E voltam a desaparecer

Em voos rasantes

Sobre o povo do deserto

Abandonado

Que vê as máquinas de guerra do primeiro mundo

Tão longe

E ao mesmo tempo demasiado perto…

Porque sabem que as máquinas de guerra do Ocidente

Não o vem resgatar do seu desespero

Vêm sugar

O que dele acham que está certo

Vêm sugar não o direito a uma vida decente

Mas títulos de propriedade

Dos tais poços

Que nada servem

A não ser alimentar

A sua autoridade

Sim

Porque quando o vento das actualidades

Da modernidade

Passar

Da sua civilização

Nada restará

A não ser uma vaga lembrança

Do que foram

Do que sonharam

E por isso ele espera

Não está inquieto

Ele espera

Porque sabe que irá prevalecer…

O Povo do Deserto…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/04/2011
Código do texto: T2896949
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