Uma Gota Arde no deserto…
Populações arrastam-se de poço em poço
Levadas pelo desespero
Da Liberdade
Da sede
Mas nesses poços não se saciam
Pois neles só há
Ouro Negro…
Que não é uma bênção
Antes uma maldição
Porque as grandes nações bebem desses poços
Para alimentar os seus motores
Da civilização
A falsa crença
Que depois de toda a gente se evaporar
Só elas restarão…
E assim voltam
E voltam a desaparecer
Em voos rasantes
Sobre o povo do deserto
Abandonado
Que vê as máquinas de guerra do primeiro mundo
Tão longe
E ao mesmo tempo demasiado perto…
Porque sabem que as máquinas de guerra do Ocidente
Não o vem resgatar do seu desespero
Vêm sugar
O que dele acham que está certo
Vêm sugar não o direito a uma vida decente
Mas títulos de propriedade
Dos tais poços
Que nada servem
A não ser alimentar
A sua autoridade
Vã
Sim
Porque quando o vento das actualidades
Da modernidade
Passar
Da sua civilização
Nada restará
A não ser uma vaga lembrança
Do que foram
Do que sonharam
E por isso ele espera
Não está inquieto
Ele espera
Porque sabe que irá prevalecer…
O Povo do Deserto…