Ao homem que tentou me socorrer

'Ban-bang!'

Um sino espanca?

'Ban-bang!"

Tenho a boca e a língua empapadas de sangue

não posso ser morto, posso? Súbito? À míngua?

Minha mão treme; langue, no pó e no osso,

eu rodo nesta fríngia deste ruído e luz insana

e parece tão rochoso meu peito e pesado...

Ontem o Sol me queimara; hoje ele está frio,

estarei condenado? Por que minha voz dispara?

O que acendeu o pavio com negra centelha?

Um fogo novo irrompeu, e o pátio onde brinquei

já me olha de esguelha. O'stouro rasga o véu!

E digo-te o que sei: o mundo inteiro morreu!

Crepita uma labareda no fundo do corredor

vejo amigos chorando: a vida mesma desmancha,

contudo, por trás da dor, ouvi que, atirando

Um pobre diabo decompôs-s' em ódio e pólvora.

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 08/04/2011
Reeditado em 08/04/2011
Código do texto: T2896544
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