ABACATEIRO

Vejo o céu reter a luz do sol,

Por entre as nuvens cinzentas,

Vai e vem a claridade em prol

Das meigas brisas opulentas.

Fecho e abro a tola persiana,

Que já se partiu de tanto uso

Seu tecido parece uma membrana

Que sofreu de alguém abuso.

O meu dia, plena sexta feira,

Promete prazer e muita diversão

Se o sol continuar bater na beira

Da minha janela, o coração.

Olho e vejo o telhado vizinho,

Sinto a falta daquele abacateiro

Que retinha a luz do sol sozinho

Protegia o quarto o dia inteiro.

Hoje o sol ganhou mais espaço

Para invadir o quarto até o leito,

No verão maior fica o seu braço

Para abraçar sem preconceito.

No inverno, sei, vou te adorar,

Ó luz do sol, forte fulgente!

Pena esta estação não demorar,

Logo passa e tudo fica quente.

Mas olhando muros pelados

Sem o verde frondejante do abacateiro

O clarão de raios espalhados,

Tudo fica em branco paradeiro.

Não ouço as aves cantando la fora

Sentindo falta de seus ninhos,

Mas a manhã de tristeza chora

Por não mais ouvir seus passarinhos.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 08/04/2011
Reeditado em 08/04/2011
Código do texto: T2896498
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