DAS ENCOSTAS DO OFÍCIO

Dentro de mim

há um abismo

onde as aves noturnas se confundem...

ora num canto dorido,

ora nos ecos da solidão...

E muito além, sonhos se fundem

com o frio da noite insolente.

Dentro de mim

há um abismo

onde o sopro do engano

baila sinicamente nas asas do poema

qual andorinha sobre as montanhas

(onde repousam, resolutos e inebriantes,

algumas dimensões do pensar).

Esse abismo

que ora se amplia e recua,

afaga e devora,

prende e liberta...

Esse abismo

é quem me castiga como poeta.

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