AVE DE ARRIBAÇÃO /// O MAR
AVE DE ARRIBAÇÃO
A tarde se vestiu de algo que nem sei
E dos montes de areia um rio de fogo desceu
Sobre a relva primaveril
Apagou o colorido e acendeu as brasas do passado
Quando a brisa cantava canções de segredos
E a madrugada gerava gotas de orvalho
Acendendo a lua nas palhas de um coqueiro
No alvorecer de anil
Sobre a mesa o poema do adeus
No quarto a ronda incansável de um barco
Que vem do oceano do espelho
E se larga quebrado em meus braços
Ave de arribação em voo desnorteado
***
O MAR
O mar tem uma angústia que se alevanta
E tem uns olhos que choram espumas
O mar tem uma dor que não descansa
E tem um movimento de dança
Convidativo, amedronta
O mar quando com as pedras se defronta
Diz e repete uma palavra que me deixa tonta