IMAGEM

Gotas de orvalho, na madrugada

tombando ficas na relva a luzir.

Sacias a sede da alegre passarada

unges a seca flor que estava a sucumbir.

Suave perfume brotando na manhã

flor silvestre a engalanar o campo

sublime primavera tão louçã

pura luz do inocente pirilampo.

Belas aves cortam os espaços

ouro do sol que o trigo faz crescer.

Luar de prata, da lua os braços,

envolve os amantes ao anoitecer.

Cadente estrela de luminosos traços

riscando o firmamento à Terra vinde!

O vento sibilante, sem rastros,

deixa harmoniosa melodia como brinde.

No roseiral a púrpura impera

a folha verdejante oculta o espinho.

Tece, além, a donzela uma quimera

qual fosse um colibri tecendo o ninho.

Da nívea pomba que, as asas ruflando,

singrando o azul do céu, o etéreo espaço

dos vales solitários efluvios exalando

onde corcéis correm ligeiro, assustando as corças...

Divina aurora clara, esplendorosa

belo crepúsculo de mil matizes

emanação de luz viva e radiosa

fazem lembrar dias felizes.

Destas belezas que tentei cantar

um quadro formo, guardo e retenho

tua imagem não a posso olvidar

é uma aquarela que pintar eu venho.

O cérebro me falha, a razão me foge.

Esvai-se a musa que me dá inspiração

versos se desfazem, como vejo ao longe,

desfazer-se a imagem de minha ilusão.

Marísia Vieira
Enviado por Marísia Vieira em 08/04/2011
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