IMAGEM
Gotas de orvalho, na madrugada
tombando ficas na relva a luzir.
Sacias a sede da alegre passarada
unges a seca flor que estava a sucumbir.
Suave perfume brotando na manhã
flor silvestre a engalanar o campo
sublime primavera tão louçã
pura luz do inocente pirilampo.
Belas aves cortam os espaços
ouro do sol que o trigo faz crescer.
Luar de prata, da lua os braços,
envolve os amantes ao anoitecer.
Cadente estrela de luminosos traços
riscando o firmamento à Terra vinde!
O vento sibilante, sem rastros,
deixa harmoniosa melodia como brinde.
No roseiral a púrpura impera
a folha verdejante oculta o espinho.
Tece, além, a donzela uma quimera
qual fosse um colibri tecendo o ninho.
Da nívea pomba que, as asas ruflando,
singrando o azul do céu, o etéreo espaço
dos vales solitários efluvios exalando
onde corcéis correm ligeiro, assustando as corças...
Divina aurora clara, esplendorosa
belo crepúsculo de mil matizes
emanação de luz viva e radiosa
fazem lembrar dias felizes.
Destas belezas que tentei cantar
um quadro formo, guardo e retenho
tua imagem não a posso olvidar
é uma aquarela que pintar eu venho.
O cérebro me falha, a razão me foge.
Esvai-se a musa que me dá inspiração
versos se desfazem, como vejo ao longe,
desfazer-se a imagem de minha ilusão.