SOLITÁRIO ESTROPIADO

S O L I T Á R I O E S T R O P I A D O

Você é a única vencedora

Fui inocente e não percebi seu ardil fatal

Ufanava sinais em baforadas singulares

Um bafo de salmoura vence o embate final

Às cegas rebate-te dos amuletos

Deixa crescer a vontade de querer

Tempestades de areia caem nas tardes

Para ti sou menos que nada

Não sentes a minha ausência

Nem sabes da minha existência

Naufrago no meu destino de perdedor

Fui imprestável e não soube me defender

Oh criatura! Proclamo em mim hematomas

Triunfante me afunda o látego

Sereno meu corpo absorve a dor

Na cama ganhas meu perdão

Deitamos em aveludados lençóis

Furto-me descontente ao seu governo

Aprendi contentar-me com o pouco

Regaste minha vida com tóxicos

De azul meu céu foi tingido de rubro

Perdi o esplendor e me tornei abatido

Também pudera!

Meus poros vertem sangue

Minhas veias secaram até o plasma

Seu amor me queima

Ardem em mim as feridas oxidadas

Ignota chama!

No afã de seu favor obtenho a queda

Medram sombras e mata a lealdade

Sou solitário estropiado

(maio/1988)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 08/04/2011
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