Então Escrever...
Escrever é tão simples e tão profundo...
Escrevo porque me acolhe o papel
E sorvem seus poros cada gota de pranto.
Porque nele cabe meu brado iracundo...
Por ele, vertem rotas mil pro meu batel
E dele nunca se teme o espanto.
Não reputo hábito, porquanto é necessidade.
De meus traços não se fizeram frutos,
Raízes tampouco me restam.
Os sonhos, migrados à veleidade,
Todos mortos, agora sepultos,
Só servem ao ar que ora empestam.
Direi um vício, algo que me consome,
A dor da angústia que se faz alimento.
Assim, cáustica, se faz cada linha.
Vale-me, poeta, cada espírito que me tome,
Não obstante as feridas, o tormento...
Em suma, diria a pungência da dor amiga minha.