tempos de espinho

Solidão do tempo

Tempo que estica nas cercas

E nos quintais

O tempo que cai nos pastos

Consome os homens e fecha passos

Solidão das moças

Que esvazia os espaços

Esconde o amor

Distrai cartas, festas e de novo, o tempo

O sol está lá fora

Dando olhos aos muros, as calçadas, aos amantes

Crescendo flores, mesmo nas pedras

Secando as vezes, o pouco de água que ainda resta

A rua continua igual..

A igreja no final da rua tranca o caminho

Uma ventania cheia de folha seca anuncia

Algum fim,

È morte flutuante abafando as coisas

Um cheiro de medo espalha nas mãos

Na parede da sala um crucifixo marca um territério

Tudo isso é tão sem fundamento

Mas existe sim,

Algum lugar escondido

Um mundo diferente desse que vemos juntos

Que existe pra mim e pra você

Esse tempo que falo é só meu

Vejo sozinho, sem testemunhas

Sem grandes orgulhos

Porque tão caido, parece inferno

Sem portas, janelas.

Nem dente tem...

Aquela moça da minha rua nunca saiu da minha cabeça

Abastece meus dias de solidão e frustação

Lembro de tudo, ou quase tudo

E ela ainda lá, rindo como o diabo perto do fraco

A rua está cheia folhas e flores secas

Alguem vai varrer

Esconder

E de novo vai cair,

Simplesmente porque as folhas caem

Mesmo sem vento, mesmo sem pacadas

Todas caem...

Quando o talo é forte dura um pouco mais

Mas mesmo assim, cai

Fico horas nesse calçada olhando as coisas

E vejo tanta coisas

Tanta gente que não sei o nome

Se é feliz, se tem filhos ou salario

Eles passam, um atras do outro...

Contando vantagens e aumentando seus contos...

O mundo é tao de pedra

Tão de nãos

Tão cheio de hesitação

Os cacos de telhas está sempre rolando

Quase me caindo

Quase me sangrando

Quase me expulsando de mim mesmo

Acredito que a igreja

Aquela que falei lá atras

Nunca vai sair do fim da rua

Meus olhos só chegam até lá

Mas não entra, apenas senta na sua porta...