A uma mulher na mesa da cirurgia plástica

Entrega teu corpo fácil, amiga, à faca.

Arrisca-te à morte, por amor à vida?

O que devolve a juventude, te mascara

E o que suaviza a ruga hoje é a ferida.

Não compreendo bem porque se’apaga

Esta tua face cheia de força, transida

Para esquecer a dor passada, temida’e

Esticar a hora desta eternidade fraca?

Ilusão! Quebram-te’o espelho. E por quê?

A juventude é um resvalar sem rumo,

Carregado das dobras da dúvida e prazer.

Sus! A velhice é só um nada de chumbo.

Só há uma coisa mais suave do que ser:

Não ser! Queres cessar este ciclo mudo?

Sorri! Sempre ser é ser tudo, não parar.

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 07/04/2011
Reeditado em 28/06/2011
Código do texto: T2893920
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