AMOR PLATÔNICO

Este amor que a gente guarda no peito

É como o estreito de Gibraltar

Mata a gente que o esconde

Quando ele pede pra pular

É um gigante Nefilim

Guardado no velho testamento

Sob o jugo do desaparecimento

Como traças que devoram os livros

No pergaminho da memória

Este amor que nos engole

Como do gole nos amortece

A sedenta passagem escondida na algibeira

Que entorpece a gente

Como uma notívaga feiticeira

Que vaga rasgando o véu da mente sã

À bebedeira que beira a loucura e serpenteia

Dentro da gente como víbora

Dando seu bote certeiro.

Dormiremos inconscientes

Neste labirinto que construímos

E dentro dele nos perdemos

Eu agarrado com este amor

Que se grudou hospitaleira

Neste palácio incrustado no silencio

Do meu coração dedaleira.