SORRISO À REVELIA
S O R R I S O À R E V E L I A
Sei que vou descobrir-te
E afinal, sentir-te
Sem abrir os lábios
Mas com o coração
Não dou asas à razão
Muito menos a emoção...
Falo-te com e pela mente
Através da alma
É trivial, fugaz
Talvez até incompreensível, mas...
Ainda assim mantenho o sorriso
Ando sem me mover, falo calado;
Quanto mais perto, mais me ausento;
Aqui estou, mas nem sei o que me atormenta
Alegro de ver-me atormentado
Choro no mesmo ponto em que me rio
Animo-me a ter confiança
E desconfio, ando perdido em mim
Por certo de ser esquecido por ti!
Desobriga-te deste amor idílico
Cuida-te, não quero só amizade
Estou em desconforto, uma dor alucinada
Não consigo nem sorrir
Meu coração desafina em surdos decibéis
Vamos lá falar com sinceridade!
Sorrio à revelia, sem sonhar...
Sem falar, sem pensar...
De mãos vazias?
(julho/1987)