Queda
A noite acabou
O sol brilha
Como um fogo
Que a tudo destrói
Não há mais nada a salvar
Não há mais sentimento algum a cultivar
Aqueles que se diziam sábios
Veem a sabedoria escorrer por seus dedos
Enquanto o mundo explode
Numa dor infinita
Falsos sábios
Que não interpretavam o que estava escrito
Mas o que queriam que estivesse
Não puderam adiar o fim
Pois suas ilusões nada poderiam salvar
A poeira se levanta
Misturada ao sangue dos corações dilacerados
Não há misericórdia
E nem mesmo arrependimento
Não há porque sofrer
Com o fim de uma história de mentiras
Nem porque proteger um inimigo declarado
Não há recomeço para quem não aceita o fim
E não vê-lo não significa
Que ele nunca aconteceu
As espadas são brandidas
E os enigmas de uma história se extinguem
Não como se nunca houvessem existido
Mas como se sua importância
Se comparasse à dos grãos de areia
Manipulados livremente pelo vento
Substituídos sem que se perceba a troca
Não há motivo para lágrimas
Pois não é como se me importasse
Observar de longe ou simplesmente deixar acontecer
Não faz tanta diferença quanto deveria
Não há porque insistir em sinais
Que nunca chegarão onde deveriam
Não há maneira de acordar
Sentimentos que para sempre dormirão
Aqueles que se agarram a mentiras
Morrerão ao perceberem que são lisas demais
Para sustentar qualquer coisa
Quando um oráculo anuncia a queda
Significa apenas que tudo vai cair
E não há como fugir dessas palavras