A CASA

Na casa onde se instala o poeta

Os sentimentos sobram entre os cõmodos

Abarrotados de sonhos.

Onde começa e termina a casa

Nem se sabe.

Nela nada é imutável,

Mudo tudo de lugar

Conforme a alma e o humor

A casa nunca será precisa

Moro porque gosto

De ouvir o concerto da água do pote

Plim..plim..plim..plim...

Lá na cozinha

De vestir a mesa de jantar

Sempre à espera de treze pessoas

Como uma Santa Ceia

No meu quarto

Apenas a rede branca

Corta o ambiente

E embala o cansaço e os sonhos

As vezes

Derrubo o calendário da parede caiada

De propósito

E o tempo se espalha no chão.

Há risos de crianças na casa

Quebrando o silêncio do concreto.

O sótão

Armazena o sol

Entre as ferramentas frias.

A casa onde se instala o poeta

Coleciona amores e risos

E um lance inacabado no quintal

Sugere reticências

E sempre aguardará a conclusão do projeto.

Quitéria Régia
Enviado por Quitéria Régia em 05/04/2011
Código do texto: T2891906
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