NÃO SOU OTÁRIO
NÃO SOU OTÁRIO
Bem... Não sou de todo normal
Trago um ranço um pouco de imoral
Nada parecido com animal
Porém, às vezes me faço infernal
Longe... Lá quando era criança
Se não me falha a pouca lembrança
É... Aprontava alguma pequena lambança
Ao saci... Nem de longe alguma semelhança
Conquistei a primeira bela namorada
Logo de cara fiz uma boa trapalhada
Beijei o umbigo da danada
Ela me sapecou uma bofetada
Ainda assim nosso amor se fez puro
Levei a dita cujo para o escuro
Um lugar bem de junto do muro
Quando apalpei as partes: esconjuro!
Moço... Não sei o que era aquilo
Peito... Não! Era espiga de milho.
Corri... E como corri meu filho!
Naquele corpo nada estava no trilho.
Depois desta não quis mais beleza
Nas fêmeas procuro talvez... Pureza
Tudo macio e nada de dureza
Pois gosto mesmo é da safadeza
Mas tenho ficado é solitário
Pois elas querem me levar ao judiciário
Amarrar no papel e prender feito canário
Fujo as léguas, pois não sou otário
(dezembro/1979)