REFLEXÕES

Agrada-me revisitar os tempos já idos
anseios de outrora, de um dia presente
e agora pretérito
repousam passado,
e hoje em mim
vívidos e lembrados
e em vária reflexão,
muitas vezes repensados.

Num dia de sol,
pleno de luz e alegria,
É o portão que abrem e range,
e rangendo anuncia,
alguém que chega e sobe escadas.
E eu
correndo célere para a sacada,
depressa olho a varanda,
percebo então de soslaio,
o visitante, que é amigo,
e desde já antevejo,
boas noticias traz consigo.
E a porta se abre
e vejo,
crianças que no jardim brincam,
em torno de fontes e flores;
durante o dia,
bancos para
os mais velhos,
durante a noite,
bancos para os amores.
E de tão fartas as provas
e de tão cruciais as dores,
e de tão plena a vida
e de tão vastos os temores,
e de tão largas as calçadas
e de tão grandes as avenidas,
trago-te, com tantas mágoas,
esses momentos já idos,
tão plácidos e tão plangentes,
ressoando constantemente,
martelando
aos meus ouvidos.
Lá fora, ao longe,
o canto de alguém que
toca,
em serenatas dolentes,
a dor que serenamente
evoca das suas cordas,
a provocar-me esperanças,
a irromper no meu cérebro
com a força dos meus sentidos,
de um dia poder,
ter podido,
retornar ao que vivi,
reviver o já vivido;
a evocar-me saudades,
a ler o que já foi lido,
e de tão fartas as provas,
e de tão duras as penas,
e de tão plena a vida,
trago-te com tantas mágoas
esses momentos já idos.

SALVADOR, 29/03/2011