LUSTRO

Nada tenho, nada sou,

nada quero...

além da vontade de parar,

de desaparecer,

não mais sentir,

não mais existir,

não mais ser...

ser o quê?

Pouco...muito pouco...

um nada para todos.

Um desengano,

um desencanto,

uma falta de vontade,

uma sobra de inocência

em acreditar sempre

e sempre me decepcionar...

fatalmente!

Impunemente

todos continuam

nas suas vidinhas,

nos seus mundinhos,

nem se lembram de mim...

quando lembram

não se preocupam...

só querem saber

de suas próprias vidas

e acabam vivendo

muito bem, obrigado!

Criando personagens

que fingem que sentem,

inventando mentiras,

inventando ideais e planos

de se ser e se ter mais...

mais o quê?

Mais capacidade

para continuar...

mentindo, fingindo,

dando um lustro

em seu umbigo...