Vi-Ver
Vi um poema escorrendo no chuveiro
E banhando-se, cumulou-me de energia
Vi um poema abrindo as gavetas secretas
E escondendo-se, enganou-me as confidências
Vi um poema voando pela janela
E partindo, abarrotou-me de saudade
Vi um poema congelado pelo frio
E resfriando-se, transferiu-me indiferenças
Vi um poema encoberto na poeira
E disfarçando, educou-me de modéstia.
Vi uma poema pousado nas bromélias
E descansando, ensinou-me como dormir
Vi um poema nos olhos de um menino
E reluzindo, cobriu-me de esperanças
Vi um poema pelas lentes do “não-visto”
E enganando-me, habitou foi nos meus olhos.