Senhor cobra
Rastejando de dia e noite,
Conhece bem o seu território,
Por isso vai muito calmamente,
E tanto quanto faceiro.
Amigo de todos os animais,
Menos daqueles que são suas vítimas,
Segundo a lei natural
Que se torna, para ele, uma axioma.
Mas de repente chega uns estranhos,
Com suas máquinas construindo,
Destruindo todos os ninhos,
Sozinho ele vai fugindo.
Encurralado, chega um fatídico dia
Em que uma perna foi mordida,
Maldade? Só se for irrisória,
Ele só está querendo salvar sua vida.
Não é que somos todos cegos?
Somos também tão sublimes,
Porém enxergamos até o umbigo,
Por isso não vemos nossos crimes.
O errado é quem mordeu a perna, senhor cobra.