Literário
Sou o som das palavras,
o pontilhado das pegadas
deixadas por qualquer um.
Sou a chuva ácida
que derrete os tetos das barracas
dos senhores de olhos desatentos.
Sou o Fim. O Começo.
E quem sabe talvez o Meio.
Mas na maioria das vezes,
ainda não sei o que sou.
Vejo páginas em branco,
descrevo e amanso seu pranto,
mostro-lhe o mundo ao redor.
Sobrevivo a maremotos e
fatalidades,
Ignorância e
futilidades.
Pois feita disso também sou.
Sou seus olhos.
Sou seu coração.
Sou seu armamento.
Sou seu canhão.
Sou o fato, o ocorrido,
ou o que nunca foi descrito.
Sou quem atravessa os céus
e ultrapassa os mares,
quem vê sua alma,
quem te divide em partes.
Mas também posso te recompor.
Sou o piano no canto de sua sala,
sou o pó que cobre seus móveis.
Sou o olhar de seus amores,
sou todas as suas cores.