TENHO UM PAR DE MEIAS FINAS E PRETAS
Tenho um par de meias finas e pretas
Uma carteira de mão e um par de brincos
Um poema do qual não diviso sequer as letras
E uma música insistente em meus ouvidos
Tenho um vestido de ilusão cheio de pingos d’água
Um par de sapatos nunca usados
Um perfume de sonhos guardado
Uma pulseira delicada e um solitário
Uma lágrima de faíscas d’estrelas
Tenho desejos de volteios e desfalecimentos
Vejo um piano no salão
E tenho a vista rodopiando
As minhas meias têm o fio agora puxado
E seguindo-o encontro cenas do passado
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