Ode a Lisiatã
Ó Lisiatã senhora das dores
Por que me destes a chaga
Dos teus devassos amores,
Mata-me enquanto me afaga
Ó grã-senhora da aflição
Teu cabelo exala o fragor
Perverso da tua sedução
Raiz de todo o teu furor...
Ó rainha que varre a noite
Embalando-me em sabores
É no amanhecer é só açoite
O dia é saudades e temores...
Ó voraz rainha da escuridão
Nobre filha da lua e do vento
Gargalha com minha solidão
Deleita-se com meu tormento
A vós senhora eu amo e odeio
Para vós eu canto e maldigo
Derramo-me em teu nobre seio
E toda noite seu amor mendigo...