Boca da noite
Boca da noite
TecaMiranda
Na boca suja da noite
O cão ladra sua fome
Ouvem-se vitupérios
Na língua como açoite.
Na fria luz da aurora
Corpos se digladiam
Silêncio em ato lúgubre
No olho que não chora.
Na escaldante manhã
Preciosa vida jaz inerte
Burburinho de selvagens
E a fé se diz cristã.
Na boca suja da noite
O cão vasculha seu lixo
Marca com urina o território
Na boca suja da noite.